Estudos Biblicos do livro de Numeros

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Estudos Biblicos do livro de Numeros

O Livro que Descreve os Quarenta Anos de Distração de Israel

 E ACONTECEU que, queixou-se o povo falando o que era mal aos ouvidos do SENHOR; e ouvindo o SENHOR a sua ira se acendeu; e o fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial. Numeros 11.1

INTRODUÇÃO 

Números é o quarto livro da Bíblia. Seu título provém da Vulgata Latina, Numeri, que por sua vez é uma tradução do título da Septuaginta Arithmoi. O livro é assim designado porque nele há referência a dois recenseamentos do povo judeu — capítulos 1—3 e capitulo 26. Os judeus, como de costume, intitularam o livro com a palavra inicial — Wayyedabber — (“e ele (Jeová) disse”), ou mais freqüentemente com a quinta palavra — Bemidbar— ("no deserto”). Esse segundo título hebraico é mais apropriado do que o título em português, pois somente uma pequena porção do livro é de natureza estatística, enquanto toda a ação se dá no deserto.

Esboço:
I. Composição
1. Autoria
2. Estrutura
3. Texto
II. Propósito e Conteúdo
III. Esboço de Conteúdo
IV. Teologia
V. Problemas Especiais
VI. Bibliografia


I. Composição
1. Autoria, a. Ponto de Vista Conservantista. Apóia a opinião tradicional de que o livro de Números é de caráter histórico e foi composto por Moisés. Eles observam que não há nas Escrituras uma declaração direta de que Moisés escreveu o Pentateuco, mas numerosas passagens indicam que ele escreveu pelo menos parte desse material (ver Núm. 33.2). Eles admitem também que em Números, assim como em Êxodo e Levítico, Moisés é referido na terceira pessoa, exceto em citações diretas. Logicamente esse fato não sugere composição mosaica, dizem eles. Outras passagens, tais como Números 21.14 ss. e 32.34-42, também indicam a existência de um editor, contudo, declaram os conservantistas, a autoria mosaica, segundo a Bíblia, não requer que toda a palavra seja de Moisés.
b. Ponto de Vista Crítico. Um dos primeiros estudiosos a questionar a opinião tradicional da autoria do Pentateuco foi Jerônimo, tradutor da Vulgata Latina no século V D.C. Jerônimo estava convicto de que Esdras foi o responsável pela revisão final do Pentateuco, embora Moisés estivesse bastante associado às origens do material. Os críticos do século XIX concordam com Jerônimo até certo ponto. Eles duvidam seriamente de que Moisés tenha contribuído com mais do que uma pequena parcela do material. Segundo os críticos, Números é o resultado da compilação dos documentos J.,P.,D. e P.(S.), os quais servem de base também para o restante do Pentateuco. Ver no Dicionário o artigo detalhado sobre J.,E.,D. e P.(S). O documento Jé constituído de narrativas judias antigas e seu autor revela um interesse pelo reino judeu e seus heróis (850 A.C.). A palavra Yahweh (Jeová) é usada neste documento para referir-se a Deus. O documento £ contém as antigas narrativas efraimitas originadas por volta de 750 A.C. O escritor de E demonstra interesse pelo reino do norte de Israel e seus heróis. Ele emprega o vocábulo Eloim, em vez de Yahweh (Jeová) para referir-se a Deus. O documento D, também chamado Código Deuteronômico, foi encontrado no templo no ano 621 A.C. Há alguma probabilidade de que o autor desse documento seja o sacerdote Hilkiah. D ressalta o fato de que o amor é a razão mesma do servir. A doutrina de um único altar é também acentuada neste documento. O Código Sacerdotal, ou documento P, originou-se por volta do ano 500 A.C., contudo sua redação prorrogou-se até o século IV A.C. Esse documento evidencia uma preferência por números e genealogias.
Essas fontes estão muito misturadas no livro de Números. Acredita-se que por volta do século V. A.C. um editor, talvez Esdras, tenha combinado esse material com histórias da tradição oral, dando origem ao livro.
2. Estrutura. Em se tratando de estrutura, este livro é de natureza mais diversa do que qualquer outro do Pentateuco. Embora o princípio fundamental de organização seja cronológico (o livro inicia-se no Sinai e termina nas proximidades da Terra Prometida, 38 anos mais tarde), muito do material parece estar em ordem de assunto, Por exemplo, Êxodo termina com a glória Shekinah habitando no tabernáculo que fora construído. Esse evento é recapitulado em Números 9.15-2, sugerindo o início de uma nova seção narrativa. Diante desse fato levanta-se uma dúvida: os eventos dos capítulos 1-8 ocorreram antes ou depois da construção do tabernáculo?
Esse e vários outros exemplos levaram os críticos a acreditar que Números não constitui uma unidade literária, isto é, a matéria do livro não foi rigidamente organizada de acordo com um princípio. Examinando a forma de Números, os críticos têm concluído que o livro é uma coleção de relatos referentes à vida no deserto combinados com materiais diversos tais como legislação, genealogia e narrativas de viagem. Uma observação das transições entre os episódios, ora bruscas, ora suaves, reforça a conclusão dos críticos. A teoria documentária discutida anteriormente neste artigo também favorece essa conclusão. Segundo essa teoria, Números pode ser dividido da seguinte maneira: Je £, 10.29—12.15; 20.14-21; 21.2-32; 22.2—25.5; P inclui o resto do conteúdo do livro, exceto 21.33-35, que pertence a D. Em Números os nomes divinos Jeová e Eloim são usados alternadamente, fato que dificulta a distinção entre os documentos (J e E.) (Z págs. 462, 463 vol. IV.)
Outro aspecto importante que se deve observar ao examinar a estrutura de Números é a poesia nele contida. Os críticos sugerem que a maioria, senão todos os poemas e fragmentos contidos em Números, tenha existido independentemente desse contexto. Por exemplo, o cântico do Poço em 21.17 ss. tem sido comparado a cânticos similares noutras literaturas. Outras ocorrências de poemas ou fragmentos de poemas são encontradas nas seguintes passagens de Números: 6.24-26; 10.35; 12.6-8; 18.24; 21.14-17ss.; 21.27ss.; 23.7-10; 24.3-9,15-19.
Os fragmentos que ocorrem em 12.6-8 (glorificações a Moisés como profeta) e em 6.24-26 (bênção sacerdotal) são considerados mais recentes do que os outros e possivelmente pertencem ao documento E. (século VIII A.C.) ou a um período posterior. Esses dois documentos revelam influências das classes proféticas e sacerdotais. Do ponto de vista literário, os outros poemas são mais rústicos, datando provavelmente do período de estabelecimento na Palestina. A preservação de tais poemas através dos séculos se deu por meio da tradição oral, um processo de transmissão bastante eficaz em se tratando de poesia — o ritmo auxilia a memória (AM, pág. 537, vol. xx).
3. Texto. O texto de Números parece ser bastante estável. O critícismo textual fundamenta-se nos textos da Revisão Samaritana (RS), da Septuaginta (LXX) e do Texto Massorético (MT). Os textos da RS e da LXX distinguem-se do MT— esse último é mais sintético, enquanto os outros dois são mais desenvolvidos. O texto massorético foi preservado num clima mais sacerdotal na Babilônia, sendo reintroduzido na Palestina somente nos séculos II e I A.C.
Entre os achados de Qumran (1947-1953), foram encontradas porções de um rolo de pergaminho de Números (4Q Num(b)), que exibem um caráter textual bastante interessante: o texto apresenta uma posição intermediária entre o da RS e o da LXX e, freqüentemente, concorda com as variantes da RS em oposição ao TM. Contudo, em casos nos quais TM e RS concordam com a LXX, esse texto segue a LXX. F. Cross sugere que este tipo de texto fosse o usado na Palestina nos séculos V-ll A.C. Ver no Dicionário o artigo sobre Manuscritos do Antigo Testamento.
II. Propósito e Conteúdo
O propósito aparente do livro foi registrar o início do efeito exterior que o pacto exerceu na vida dos israelitas. Números registra as modificações e os ajustamentos na estrutura das estipulações pactuais, bem como a reação do povo israelita a tais estipulações. Os temas de fé e obediência são centrais em Números, que é considerado "o livro do servir e do caminhar do povo redimido de Deus” (UBD, 799).
_ Números continua a narração da jornada iniciada no livro de Êxodo, começando com os eventos do segundo mês do segundo ano (Núm. 10.11) e terminando com o décimo primeiro mês do quadragésimo ano (Deu 1.3). Os 38 anos de perambulação no deserto procedem do fracasso do povo de Israel, diante da provisão divina para seu sucesso.

III. Esboço
A. Partida do Monte Sinai (1.1—10.10)
Preparação no Sinai (1.1—9.14)
a. Enumeração das tribos (1.1-54)
b. Organização do acampamento (2.1-4.49)
c. Regulamentações especiais (5.1—6.27)
d. Enumeração das ofertas dos príncipes (7.1-89)
e. As lâmpadas do tabernáculo (8.1-4)
f. A consagração dos levitas (8.5-26)
g. A Páscoa (9.1-14) •
h. A nuvem guia a marcha dos israelitas (9.15-23)
i. As duas trombetas de prata (10.1-10)
B. Viagem do Sinai a Moabe (10.11—21.35)
1. Do Sinai a Caóes-Barráia (10.11—14.45)
a. A partida (10.11-36)
b. As murmurações dos israelitas (11.1-35)
c. A sedição de Miriã e Arão (12.1-16)
d. Os espias (13.1-33)
e. Os israelitas querem voltar ao Egito (14.1-45)
2. A Permanência no Deserto (15.1—21.35)
a. Repetição de diversas leis (15.1-41)
b. Rebelião de Coré, Datã e Abirão (16.1-50)
c. Floresce a Vara de Arão (17.1-13)
d. Deveres e direitos dos sacerdotes (18.1-32)
e. O rito da purificação (19.1-22)
f. Incidentes no deserto (20.1—21.35)
C. Nas Planícies de Moabe (22.1—36.13)
1. Eventos Importantes (22.1—32.42)
a. Balaão (22.1-24.25)
b. Apostasia em Peor (25.1-18)
c. Recenseamento (26.1-51)
d. A lei acerca da divisão da terra (26.52-65)
e. A lei acerca das heranças (27.1-11)
f. Nomeação de Josué como sucessor de Moisés
(27.12-23)
g. Regulamentações sobre festivais, votos e oferendas
(28.1-30.17)
h. Vitória sobre os midianitas (31.1-54)
i. Rúben e Gade pedem Gileade (32.1-42)
2. Apêndice (33.1-36.13)
a. Itinerário (33.1-56)
b. Instruções antes de entrar na terra (34.1—36.13)
IV. Teologia
Fundamentando-se nos resultados do pacto entre Deus e Israel, o livro de Números exprime um ponto de vista a respeito da natureza do Criador e de sua criação. Segundo o acordo estipulado detalhadamente em Êxodo e Levítico, o povo deveria servir a Deus somente, sem idolatria. Em retorno, Deus lhes protegeria e abençoaria, dando-lhes uma nova terra. Nisso consistia o pacto, entretanto o alvo era nobre demais para a natureza humana e houve uma grande lacuna entre a profissão e a realização desse acordo. O livro expressa a natureza extremamente pecaminosa do homem, o qual não se inclina para Deus a despeito de todas as evidências (no Tabernáculo) e de Seu poder (nas diversas intervenções). Em face de tudo o que Deus tinha provado ser, o povo não confiou nEle, mas permaneceu apreensivo, orgulhoso e egoísta.

Em relação à natureza de Deus, o livro revela três aspectos principais: Seu caráter fiel, punitivo e santo.
a. Fiel. A fidelidade divina é claramente demonstrada em Números, pois o pacto foi repetidamente quebrado e, apesar de Deus ter todo direito de abandonar os israelitas ou de destruí-los, Ele cumpriu até o fim seu propósito de fazer o bem à nação de Israel e ao mundo através dela.
b. Punitivo. Entretanto, isso não implica que Deus possua uma natureza impassível. Ao contrário, o capítulo 14 retrata a ira de Deus e revela Seu caráter pessoal dinâmico e impetuoso.
c. Santo. A santidade de Deus é especialmente acentuada neste livro. Para aproximar-se de Deus, o homem precisa livrar-se de toda a impureza, pois o impuro não pode existir na presença do Puro. Em se tratando de santidade, há um abismo entre Deus e os homens, entretanto, em Sua graça, Deus providenciou um caminho de acesso à Sua santa presença: a purificação.

V. Problemas Especiais
1. Narrativas sobre Balaão. Uma das passagens mais poéticas de Números encontra-se nos capítulos 23 e 24. Esta passagem narra como Balaão foi chamado pelo rei de Moabe para assolar os perigosos guerreiros que ameaçavam seu território. A narrativa é estranhamente contraditória, pois Deus ordena a Balaão que vá e em seguida o censura por ter ido. Em Núm. 31.16, Balaão é acusado de ter conduzido Israel ao pecado. Isto está em desacordo com a história narrada anteriormente, e parece indicar que várias fontes foram alinhadas juntas de maneira um tanto frouxa. Exegetas tradicionais têm tentado harmonizar essas referências. Críticos mais recentes consideram 31.16 uma inserção posterior.

2. Autenticidade do Recenseamento. Núm. 1.46 e 26.51 declaram que os hebreus possuíam um exército de 600.000 homens, número que indicaria uma comunidade total de 2 a 3 milhões de pessoas. Embora não totalmente fora de consideração, esse número não é muito provável, pois nem mesmo os grandes exércitos daquele período (Egito e Assíria) ultrapassavam os 100.000 homens. Além disso, investigações arqueológicas indicam que a população total de Canaã naquele período era menor do que 3 milhões de pessoas, fato que dificulta a explicação de como os cananeus foram capazes de restringir a conquista dos hebreus às terras altas centrais. A dificuldade em alimentar 3 milhões de pessoas no deserto deve também ser considerada. Os que acreditam na plena inspiração da Bíblia têm refutado estes argumentos e feito tentativas para provar a autenticidade dessas estatísticas baseando-se em estudos de palavras. Não obstante, as soluções sugeridas apresentam numerosos problemas, impossibilitando uma conclusão final.

3. Avaliação Bíblica do Período. Há certa discrepância entre a avaliação profética e a avaliação pentatêutica desse período da história de Israel. Amós 5.25; Osé. 2.15; 9.10; 11.1-4 e Jer. 2.2,3; 31.2 são passagens que mostram que os profetas consideraram esse período um tempo idílico em que Israel manteve um relacionamento saudável e constante com Deus. Por outro lado, acredita-se que o ponto de vista pentatêutico foi forçado pelos escritores do documento P, que, impressionados com o castigo do exílio imposto por Deus, acreditaram que Israel jamais o serviria fielmente. Tentando solucionar esse problema, alguns sugerem que a discrepância seja apenas aparente, pois o ponto de vista otimista dos profetas deve ser considerado à luz do período apóstata em que viveram.
4. O Itinerário da Viagem no Deserto. As dificuldades em harmonizar os dados bíblicos e em identificar os locais mencionados nas narrativas têm sido obstáculos na reconstrução da viagem através do deserto.
Números 33 sugere que a viagem tenha sido realizada em quatro estágios: do Egito ao Sinai (Núm. 33.3-15); do Sinai a Eziom-Geber (33.16-35); de Eziom-Geber a Cades (33.36); e de Cades a Moabe (33.36-37). A despeito de essa reconstrução corresponder com Deu. 1.46 e 2.1, há nela algumas dificuldades que devem ser consideradas:

  1. Segundo a reconstrução anterior, o povo hebreu passou 38 anos perambulando no deserto na área de Cades (cf. Núm. 13.26 e 20,1), Números 33 não menciona nenhum acampamento durante os anos em Cades, fato que tem levado os críticos a pensar que não houve tal perambulação. Eles afirmam que Núm. 20.1 retoma a narrativa dentro de alguns dias, de onde fora deixada em 14.45. Derrotados na tentativa de penetrar na terra pelo sul, os hebreus simplesmente mudaram de rumo e entraram pelo leste. 2. Outra dificuldade é o grande número de acampamentos entre o Sinai e Eziom-Geber, enquanto Núm. 11.34 e 12.16 inferem apenas duas paradas numa rota mais direta a Cades.
    3. Outra dificuldade é a ordem para mudar de rumo e"... caminhar para
    o deserto pelo caminho do Mar Vermelho” (Núm. 14.25). O capitulo 33 do livro não reflete esse movimento (Z págs. 465-466).
    J. N. Oswalt, tentando uma reconstrução do trajeto coerente com os dados bíblicos, sugere o seguinte: “Talvez Ritmá (33.18,19) se refira ao wadi Abu Retemat, que está ao sul de Cades. Assim Ritmá seria o local do acampamento no tempo em que os espias foram enviados (KDJII, 243). Se isso for correto, então os 17 lugares mencionados nos vss. 19-36 se referiam aos 38 anos de perambulação. Isto significa que os hebreus iniciaram sua permanência em Cades (13.26; 33.36,37), vaguearam na área sul e leste e de lá foram para Eziom-Geber (33.20-35), terminando em Cades novamente (20.1; 33.36). Frustrados na tentativa de se dirigirem ao nordeste através de Edom para o Mar Vermelho, eles retornaram ao sul novamente (21.4), entraram em Arabá, ao norte de Eziom-Geber, e de lá prosseguiram para Moabe” (Z p. 466).
  2. VI. Bibliografia
    ALB AM ANET E IIB LOT WES YO
    Citações de Números no Novo Testamento
    Mateus:
    5.33 (Núm. 30.2); 9.36 (Núm. 27.17)
    Marcos: .
    6.34 (Núm. 7.39; 27.17)
    Lucas:
    1.15 (Núm. 6.3)
    Atos:
    7.39 (Núm. 14.3 ss.); 7.51 (Núm. 27.14); 21.26 (Núm. 6.5)
  3. I Corintios:
    10.5 (Núm. 14.6); 10.6 (Núm. 11.34)
    II Timóteo:
    2.19 (Núm. 16.4)
    Hebreus:
    3.2.5 ss. (Núm. 12.7); 3.17 (Núm. 14.29); 8.2 (Núm. 24.6); 12.3
    (Núm. 16.38; 17.3)
    Apocalipse:
    2.14 (Núm. 25.1 ss.; 31.16); 2.20 (25.1 ss.)
    Ao Leitor
    Arranjo das Tribos de Israel no Acampamento no Deserto.Ao Leitor
    Arranjo das Tribos de Israel no Acampamento no Deserto.
    O arranjo das tribos de Israel em torno do tabernáculo simbolizava um ideal espiritual: Deus estava entre o Seu povo. A vida religiosa ocupava lugar central em toda a vida e atos de Israel. No Novo Testamento, o simbolismo é ainda mais estreito. A habitação do Espírito Santo é o próprio ser humano. Deus veio armar Sua tenda nos crentes. O homem, individualmente (I Cor. 6.19), e a igreja, coletivamente, são templo de Deus (Efé. 2.20 ss.).
    Havia três acampamentos gerais: 1. aquele que era do Senhor (o próprio tabernáculo); 2. aquele dos levitas, na área imediata do tabernáculo; e 3. aquele das tribos de Israel.
    Um estudioso sério das Escrituras não começará a estudar um de seus livros sem primeiro valer-se de uma introdução (ou introduções). Convido meu leitor a considerar questões como a composição, a autoria, os propósitos, o conteúdo, o esboço, a teologia e os problemas especiais do livro de Números.
    Números, considerando seu grande volume, é um dos livros do Antigo Testamento menos citados no Novo Testamento. Há apenas 16 referências. Logo acima, apresento uma lista dessas citações. Uma das razões para esse parco uso do livro de Números no Novo Testamento é que boa parte_de seu material é composto por repetições baseadas nos livros de Êxodo, Levítico e Deuteronômio, que os autores do Novo Testamento preferiram usar em suas citações.
    O quarto capítulo de Números localiza no deserto os acontecimentos historiados no livro (o que explica o título em hebraico). O livro narra o que sucedeu ao povo de Israel, em suas jornadas desde a península do Sinai até a Terra Prometida. O livro dá prosseguimento à narrativa sobre Israel após o êxodo, e após as muitas leis registradas no livro de Levítico.